Conforme havíamos combinado, nossa próxima aula acontecerá no dia 03 de abril, às 14:00 horas. O motivo: evento dos alunos da Pós-Graduação. Desde já, estão todos convidados para participar.
Um abraço a todos
terça-feira, 31 de março de 2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
Marc Bloch e os reis taumaturgos
Marc Bloch pode ser considerado como um dos primeiros historiadores do movimento dos Annales, não tendo ficado de forma alguma atrelado apenas a Revista dos Annales. Um de seus livros mais importantes “Os Reis Taumaturgos” foi escrito em 1924 e trará em grande parte as propostas que serão defendidas pelo movimento principalmente a partir dos anos trinta. A proposta do livro, apesar de ter sido elogiado e bem recebido pela comunidade acadêmica trouxe estranheza para a maioria dos intelectuais que o leram. Considerado por muitos como o fundador da antropologia histórica, Bloch fez história com o que antes era entendido como anedota ou superstição, ou seja, o poder miraculoso de cura dos Reis da França e da Inglaterra. Além da experiência que teve com a primeira guerra mundial, o ambiente da Universidade de Estransburg pode ser considerado como um dos maiores influenciadores para a constituição de suas problemáticas e de sua carreira intelectual. Como a cidade havia sido retomada pelos franceses, assistimos a uma tentativa de desligamento da Universidade com sua tradição Alemã, sendo assim, foram chamados para lá, alguns dos jovens intelectuais dos mais brilhantes da França. Bloch vivia, portanto em um ambiente de grande efervescência, tendo sido muito influenciado pelas conversas com os colegas e amigos Blondel e Halbward, ambos antigos alunos de Durkheim. Seu contato com as ciências sociais era muito grande, dessa forma tornava-se possível começar a perceber o estudo da História de uma maneira diferente, incrementar novos conceitos e paradigmas nas pesquisas. Uma nova crítica ao modo positivista de fazer história acabou por ser gerado, e os questionamentos teóricos sobre história puderam ganhar novos fôlegos metodológicos.
“Os reis Taumaturgos”, nas palavras de Jacques Le Goff cresceram em um humo interdisciplinar, que podem ser inseridos no mais atualizado pensamento histórico e antropológico dos anos 20. Pode-se notar em Bloch, uma influência Durkheimiana, principalmente em função de como o autor tratava seu objeto. Na conceituação de Durkheim, o sagrado é definido como uma representação da sociedade. Tanto um como o outro autor, foram amplamente influenciados por Fustel de Coulanges . Henri Sée amigo e colega de Bloch, considerava de que o método sociológico tal como definiu Durkheim era em grande parte um método histórico. O autor do “Os reis Taumaturgos” tinha a seguinte opinião sobre Durhkeim: “Ele ensinou-nos a analisar com maior profundidade, a considerar os problemas mais de perto, a pensar, eu ousaria dizer, menos barato. Marc Bloch, aprendeu a não pensar barato, mas também não seguiu a metodologia sociológica durhkeimiana.
O trabalho de Bloch é reconhecido principalmente pela sua uma extrema erudição,e entre as várias leituras do autor, podemos apontar o seu conhecimento do trabalho de dois antropólogos James Frazer e Lucien Levy- Bruhl. Ambos foram muito importantes para os estudos em antropologia e apesar de terem sido criticados e ultrapassados metodologicamente, são lidos até hoje. Os Reis taumaturgos”, em sua estrutura de pesquisa , já apontava para duas das grandes propostas de inovação dos Annales. A primeira seria explicar o milagre na sua duração e em sua evolução, e em segundo, a busca de uma explicação total, de uma história total. A proposta de que o que criou a fé no milagre, foi à idéia de que ali devia haver um milagre, tornou-se uma das bases da história das mentalidades e da psicologia histórica. Considerado como um mergulho da história profunda, o milagre régio podia ser considerado como uma gigantesca notícia falsa. Partindo-se da premissa de que era preciso “compreender o passado pelo presente”, a experiência de Bloch com os soldados de 1914 a 1918 e as propagações das notícias falsas, serviram como um estopim para sua análise das formas de pensar das pessoas durante a Idade Média em relação ao milagre régio.
Bloch, portanto influência e é influenciado. Suas obras e novas proposições não nascem de “geração espontânea” e o diálogo entre História e as Ciências Sociais, a partir dos estudos e das interpretações destes homens, é um fato a ser entendido no contexto de estudo e erudição a que se propunham. Seria impossível realizar-se uma obra original sem o estudo daquilo que se tinha realizado anteriormente. A partir dos Reis Taumaturgos e da força que os Annales tomarão em suas interpretações, teremos novas questões a serem levantadas. O diálogo com as ciências sociais nos anos 30 estava só começando.
Fonte: http://profaludfuzzi.blogspot.com/2009/03/marc-bloch-os-reis-taumaturgos-e-os.html
“Os reis Taumaturgos”, nas palavras de Jacques Le Goff cresceram em um humo interdisciplinar, que podem ser inseridos no mais atualizado pensamento histórico e antropológico dos anos 20. Pode-se notar em Bloch, uma influência Durkheimiana, principalmente em função de como o autor tratava seu objeto. Na conceituação de Durkheim, o sagrado é definido como uma representação da sociedade. Tanto um como o outro autor, foram amplamente influenciados por Fustel de Coulanges . Henri Sée amigo e colega de Bloch, considerava de que o método sociológico tal como definiu Durkheim era em grande parte um método histórico. O autor do “Os reis Taumaturgos” tinha a seguinte opinião sobre Durhkeim: “Ele ensinou-nos a analisar com maior profundidade, a considerar os problemas mais de perto, a pensar, eu ousaria dizer, menos barato. Marc Bloch, aprendeu a não pensar barato, mas também não seguiu a metodologia sociológica durhkeimiana.
O trabalho de Bloch é reconhecido principalmente pela sua uma extrema erudição,e entre as várias leituras do autor, podemos apontar o seu conhecimento do trabalho de dois antropólogos James Frazer e Lucien Levy- Bruhl. Ambos foram muito importantes para os estudos em antropologia e apesar de terem sido criticados e ultrapassados metodologicamente, são lidos até hoje. Os Reis taumaturgos”, em sua estrutura de pesquisa , já apontava para duas das grandes propostas de inovação dos Annales. A primeira seria explicar o milagre na sua duração e em sua evolução, e em segundo, a busca de uma explicação total, de uma história total. A proposta de que o que criou a fé no milagre, foi à idéia de que ali devia haver um milagre, tornou-se uma das bases da história das mentalidades e da psicologia histórica. Considerado como um mergulho da história profunda, o milagre régio podia ser considerado como uma gigantesca notícia falsa. Partindo-se da premissa de que era preciso “compreender o passado pelo presente”, a experiência de Bloch com os soldados de 1914 a 1918 e as propagações das notícias falsas, serviram como um estopim para sua análise das formas de pensar das pessoas durante a Idade Média em relação ao milagre régio.
Bloch, portanto influência e é influenciado. Suas obras e novas proposições não nascem de “geração espontânea” e o diálogo entre História e as Ciências Sociais, a partir dos estudos e das interpretações destes homens, é um fato a ser entendido no contexto de estudo e erudição a que se propunham. Seria impossível realizar-se uma obra original sem o estudo daquilo que se tinha realizado anteriormente. A partir dos Reis Taumaturgos e da força que os Annales tomarão em suas interpretações, teremos novas questões a serem levantadas. O diálogo com as ciências sociais nos anos 30 estava só começando.
Fonte: http://profaludfuzzi.blogspot.com/2009/03/marc-bloch-os-reis-taumaturgos-e-os.html
Sobre Marc Bloch
Aos interessados, sugiro o acesso aos seguintes links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marc_Bloch - para dados biográficos mais gerais.
http://www.klepsidra.net/klepsidra16/annales.htm - boa análise do conjunto da obra de Bloch, com destaque para o livro "Os reis taumaturgos".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marc_Bloch - para dados biográficos mais gerais.
http://www.klepsidra.net/klepsidra16/annales.htm - boa análise do conjunto da obra de Bloch, com destaque para o livro "Os reis taumaturgos".
sexta-feira, 27 de março de 2009
quinta-feira, 26 de março de 2009
Sala de aula para todo o semestre
Caros alunos
Iremos para a sala 3011 (terceiro andar), próxima à sala antiga.
Espero que todos leiam este aviso.
Iremos para a sala 3011 (terceiro andar), próxima à sala antiga.
Espero que todos leiam este aviso.
Aspectos da história cultural
Reuni abaixo as principais características da história cultural, a partir dos textos indicados para leitura. Acho que é possível estabeleceruma espécie de denominador comum entre os estudos voltados para a história cultural.
- explosão de temas e objetos: história total ou “toda história é história cultural”.
- ruptura com as idéias de centro e periferia: relativismo radical.
- alargamento dos tipos documentais
- limitada inovação de método.
- longa duração
- retorno da narrativa
- tendência sincrônica
- interesse pelo povo comum: história vista de baixo.
- desprezo pelo acontecimento (espuma das ondas no mar): evento vs. estrutura
- ocasionalismo: movimento que se distancia da idéia de reações fixas, segundo regras, e que caminha em direção à noção de respostas flexíveis, de acordo com a lógia ou a definição da situação. Peso do contexto.
- relativismo cultural
- conceitos centrais: invenção, representação, prática, imaginário, idéias, mentalidade, visões. Construtivismo: história da construção cultural.
- deslocamento do real para o imaginário: interessa menos o mundo real do que o modo com que as pessoas o vêem e imaginam.
- Pressuposto teórico: a cultura como um sistema que dá sentido ao real (teias de significado).
- Realidade: é uma construção por meio da representação. A realidade é uma criação do indivíduo e da cultura. A realidade é inacessível ao historiador – e pouco relevante também. Construção social da realidade. Segundo Lucien Febvre, “cada época constrói mentalmente para si sua representação do passado histórico”
- Princípio teórico: a cultura é um determinante básico da realidade histórica, e não um terceiro nível.
- Abordagem culturalista: pressupõe a existência de um universo simbólico comum e unificado. Mas, como ficam as diferenças, pois que tal conceito de cultura tende a enfatizar uma visão extremamente consensual e desprovida de conflito ? É possível pensar aí a existência da luta e conflito ?
- Problema do construtivismo: restrições culturais no processo de construção.
- Problema do construtivismo: não existe criação ex nihilo.
- interesse pelas práticas (cotidianas) e não apenas pelo discurso: a história das práticas religiosas e não da teologia; a história da fala e não da lingüística. Estudo das práticas em busca de traços culturais mais profundos.
- Ênfase na abordagem interpretativa, de caráter antropológico: leitura de práticas, atos, gestos, textos e imagens. Objetivo é a decifração dos significados, isto é, os significados inscritos pelos contemporâneos, a partir do pressuposto de que a expressão individual ocorre no âmbito de um idioma geral.
- interesse pelas práticas de leitura: estudo das reações dos leitores aos livros.
- interesse pelos imaginários (tudo o que é imaginado), incorporados ao real: a imagem (como a dos três estados, de Duby) tem o poder de modificar a realidade que parece refletir; sonhos, visões, fantasmas e medos.
- estudo das formas de representação: representações da natureza, do ouro, da guerra, etc.
- estudo da memória social ou memória cultural: como a memória é afetada pela narrativa literária, moldando-se a uma matriz prévia.
- interesse pela cultura material, como alimentos, vestuário e habitação.
- interesse pela história do corpo.
- Teoria da apropriação (De Certeau): seleção a partir de um repertório, criando novas combinações entre o que selecionavam, e colocando em novos contextos aquilo de que haviam se apropriado.
- explosão de temas e objetos: história total ou “toda história é história cultural”.
- ruptura com as idéias de centro e periferia: relativismo radical.
- alargamento dos tipos documentais
- limitada inovação de método.
- longa duração
- retorno da narrativa
- tendência sincrônica
- interesse pelo povo comum: história vista de baixo.
- desprezo pelo acontecimento (espuma das ondas no mar): evento vs. estrutura
- ocasionalismo: movimento que se distancia da idéia de reações fixas, segundo regras, e que caminha em direção à noção de respostas flexíveis, de acordo com a lógia ou a definição da situação. Peso do contexto.
- relativismo cultural
- conceitos centrais: invenção, representação, prática, imaginário, idéias, mentalidade, visões. Construtivismo: história da construção cultural.
- deslocamento do real para o imaginário: interessa menos o mundo real do que o modo com que as pessoas o vêem e imaginam.
- Pressuposto teórico: a cultura como um sistema que dá sentido ao real (teias de significado).
- Realidade: é uma construção por meio da representação. A realidade é uma criação do indivíduo e da cultura. A realidade é inacessível ao historiador – e pouco relevante também. Construção social da realidade. Segundo Lucien Febvre, “cada época constrói mentalmente para si sua representação do passado histórico”
- Princípio teórico: a cultura é um determinante básico da realidade histórica, e não um terceiro nível.
- Abordagem culturalista: pressupõe a existência de um universo simbólico comum e unificado. Mas, como ficam as diferenças, pois que tal conceito de cultura tende a enfatizar uma visão extremamente consensual e desprovida de conflito ? É possível pensar aí a existência da luta e conflito ?
- Problema do construtivismo: restrições culturais no processo de construção.
- Problema do construtivismo: não existe criação ex nihilo.
- interesse pelas práticas (cotidianas) e não apenas pelo discurso: a história das práticas religiosas e não da teologia; a história da fala e não da lingüística. Estudo das práticas em busca de traços culturais mais profundos.
- Ênfase na abordagem interpretativa, de caráter antropológico: leitura de práticas, atos, gestos, textos e imagens. Objetivo é a decifração dos significados, isto é, os significados inscritos pelos contemporâneos, a partir do pressuposto de que a expressão individual ocorre no âmbito de um idioma geral.
- interesse pelas práticas de leitura: estudo das reações dos leitores aos livros.
- interesse pelos imaginários (tudo o que é imaginado), incorporados ao real: a imagem (como a dos três estados, de Duby) tem o poder de modificar a realidade que parece refletir; sonhos, visões, fantasmas e medos.
- estudo das formas de representação: representações da natureza, do ouro, da guerra, etc.
- estudo da memória social ou memória cultural: como a memória é afetada pela narrativa literária, moldando-se a uma matriz prévia.
- interesse pela cultura material, como alimentos, vestuário e habitação.
- interesse pela história do corpo.
- Teoria da apropriação (De Certeau): seleção a partir de um repertório, criando novas combinações entre o que selecionavam, e colocando em novos contextos aquilo de que haviam se apropriado.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Thompson e a Antropologia
"Para nós, o impulso antropológico é percebido, sobretudo, não na criação de modelos, mas na demarcação de novos problemas, no modo de ver, com novos olhos, os velhos problemas, numa ênfase em normas ou sistemas de valor e rituais, na atenção às funções expressivas das formas de tumultos e distúrbios e nas expressõe simbólicas de autoridade, controle e hegemonia" (Thompson, Natalie Davis e Keith Thomas)
Antropologia e História
A proposta de uma Antropologia histórica não esbarra no problema da supressão do tempo do âmbito da História ? Se o que define a história é, antes de tudo, o tempo e a mudança, como aproximar-se de uma abordagem antropológica, sem incorrer numa história desprovida de tempo, e por isso mesmo imóvel ? Como fazer uma história antropológica ou uma antropologia histórica sem abandonar o princípio da mudança ? Parece-me que o melhor exemplo de uma abordagem deste tipo seja o livro de Jacques Le Goff, intitulado O nascimento do Purgatório: juntando categorias da antropologia, ele consegue mostrar o processo de constituição e consolidação do purgatório no imaginário medieval, trabalhando numa longa duração sujeita à mudança histórica.
O problema da explicação histórica
No que diz respeito à explicação histórica, é possível afirmar que para a história cultural é a cultura que age sempre como força motivadora da transformação histórica ? É no campo da cultura, concebida como permeável ao impacto das forças econômicas e políticas, que se encontra a explicação histórica ? É preciso destacar que as relações entre cultura e as forças materiais jamais podem ser entendidas como uma relação de mero reflexo ou determinismo, mas como mediação complexa, e, segundo Thompson, cabe ao historiador examinar "o modo como essas experiências materiais são abordadas culturamente".
A questão permanece: para a história cultural, o método deve necessariamente privilegiar os elementos culturais sobre os de natureza sócio-econômica ?
A questão permanece: para a história cultural, o método deve necessariamente privilegiar os elementos culturais sobre os de natureza sócio-econômica ?
História Cultural, ou um Balaio de muitos gatos
Primeira provocação
O alargamento exagerado do conceito de cultura não esconderia uma imprecisão teórica e também metodológica que seria o pecado capital da história cultural como vem sendo praticada ?
Segunda provocação
Será que é possível falar em uma história cultural em meio à desconcertante diversidade de métodos, abordagens, interpretações e conceitos ? Se a história cultural só pode ser definida a partir de seus métodos, e se estes são tão variados, como então situar o campo de uma história que tem a pretensão de abarcar tudo, posto que parte do princípio de uma história total ?
O alargamento exagerado do conceito de cultura não esconderia uma imprecisão teórica e também metodológica que seria o pecado capital da história cultural como vem sendo praticada ?
Segunda provocação
Será que é possível falar em uma história cultural em meio à desconcertante diversidade de métodos, abordagens, interpretações e conceitos ? Se a história cultural só pode ser definida a partir de seus métodos, e se estes são tão variados, como então situar o campo de uma história que tem a pretensão de abarcar tudo, posto que parte do princípio de uma história total ?
Ainda sobre a verdade
"Reconhecer essas evidências não leva de modo algum a um simples ceticismo ou relativismo. O fato de que não possamos jamais explorar senão aspectos sucessivos de um objeto, não suprime a diferença entre um cego e um homem que vê, entre um daltônico e um normal, entre alguém sujeito a alucinações e alguém que não o é. Não suprime a diferença entre quem não sabe que o ângulo do bastão que se vê dentro d' água é uma ilusão de ótica, e quem o sabe - e que, por isso, vê, ao mesmo tempo o bastão reto. O objetivo de verdade, quer se trate de história ou de qualquer outra coisa, é apenas este projeto de esclarecer outros aspectos do objeto, e de nós mesmos, de situar as ilusões e as razões que as originam, de agrupar tudo isso de uma maneira que denominamos - outra expressão misteriosa - coerente." (Castoriadis)
Nós e os gregos
Pessoal, vou pedir a opinião de vocês a respeito desta passagem de Castoriadis:
"Não sabemos nada sobre a Grécia, se não soubermos o que os gregos sabiam, pensavam e sentiam a respeito de si mesmos. Mas, evidentemente, existem coisas igualmente importantes, concernentes à Grécia, que os gregos não sabiam e nem poderiam saber. Podemos vê-los - porém a partir do nosso lugar e por intermédio deste lugar. E ver, é isso mesmo. Nunca verei nada de todos os lugares possíveis ao mesmo tempo; cada vez, vejo de um determinado lugar, vejo um aspecto, e vejo numa perspectiva. E eu vejo significa eu vejo porque eu sou eu, e não vejo somente com meus olhos; quando vejo alguma coisa toda minha vida aí está, encarnada nesta visão, neste ato de ver."
"Não sabemos nada sobre a Grécia, se não soubermos o que os gregos sabiam, pensavam e sentiam a respeito de si mesmos. Mas, evidentemente, existem coisas igualmente importantes, concernentes à Grécia, que os gregos não sabiam e nem poderiam saber. Podemos vê-los - porém a partir do nosso lugar e por intermédio deste lugar. E ver, é isso mesmo. Nunca verei nada de todos os lugares possíveis ao mesmo tempo; cada vez, vejo de um determinado lugar, vejo um aspecto, e vejo numa perspectiva. E eu vejo significa eu vejo porque eu sou eu, e não vejo somente com meus olhos; quando vejo alguma coisa toda minha vida aí está, encarnada nesta visão, neste ato de ver."
Tópicos para debate da aula do dia 26/03/2009
PROBLEMAS E DILEMAS DA HISTÓRIA DA CULTURA
Questões para o debate:
1.) Cinco objeções de Peter Burke à história clássica da cultura.
2.) Conceito de mentalidade.
3.) Noção da história da cultura como tradução. Ver Castoriadis, p. 53.
4.) Passado como terra estrangeira.
5.) Idéia de tradição/recepção: peso de acordo com o contexto histórico.
6.) Recepção: apropriação/invenção.
7.) Noções de representação, invenção, percepção, constituição dos chamados fatos sociais.
8.) História Antropológica: história como mudança ou negação do tempo ?
9.) Unidade VS. fragmentação: mentalidade VS. subculturas. Homogeneidade VS. Diversidade.
10.) Visões do outro: encontros culturais/fronteiras/interação cultural.
11.) Cultura: sentidos partilhados ou sentidos em conflito ?
12.) Processos de encontros culturais: assimilação, seleção, cristalização, hibridização.
13.) Conceito de transculturação (Fernando Ortiz) em oposição ao conceito de aculturação: modificação das culturas envolvidas no encontro cultural.
14.) Problema dos encontros culturais: intenções, significados, contextos.
15.) Burke: visão da cultura como homogênea VS. visão da cultura como fragmentada.
Questões para o debate:
1.) Cinco objeções de Peter Burke à história clássica da cultura.
2.) Conceito de mentalidade.
3.) Noção da história da cultura como tradução. Ver Castoriadis, p. 53.
4.) Passado como terra estrangeira.
5.) Idéia de tradição/recepção: peso de acordo com o contexto histórico.
6.) Recepção: apropriação/invenção.
7.) Noções de representação, invenção, percepção, constituição dos chamados fatos sociais.
8.) História Antropológica: história como mudança ou negação do tempo ?
9.) Unidade VS. fragmentação: mentalidade VS. subculturas. Homogeneidade VS. Diversidade.
10.) Visões do outro: encontros culturais/fronteiras/interação cultural.
11.) Cultura: sentidos partilhados ou sentidos em conflito ?
12.) Processos de encontros culturais: assimilação, seleção, cristalização, hibridização.
13.) Conceito de transculturação (Fernando Ortiz) em oposição ao conceito de aculturação: modificação das culturas envolvidas no encontro cultural.
14.) Problema dos encontros culturais: intenções, significados, contextos.
15.) Burke: visão da cultura como homogênea VS. visão da cultura como fragmentada.
Sala de aula
Pessoal, a princípio a aula será na sala 3011. Mas espero que o Adriano tenha falado com a Norma e possamos então ir para outra sala. De fato, aquela sala é muito pequena para nós.Abraços
segunda-feira, 23 de março de 2009
Aviso
Caros alunos
Gostaria de lembrar que a nossa aula será dividida em duas partes: das 14 às 15:45 horas, quando discutiremos os textos obrigatórios, e das 16:00 às 18:00 horas, quando teremos o seminário.
Abraços
Adriana
Gostaria de lembrar que a nossa aula será dividida em duas partes: das 14 às 15:45 horas, quando discutiremos os textos obrigatórios, e das 16:00 às 18:00 horas, quando teremos o seminário.
Abraços
Adriana
sexta-feira, 20 de março de 2009
Aviso importante!
Caros alunos
Os textos já estão no xérox do segundo andar, conforme combinamos. Conseguimos digitalizar os livros inteiros, mas o acesso a eles não é feito pela pasta do curso (que está no computador do xérox). Vocês terão que pedir, no balcão, a cópia, indicando o título e o autor da obra. É um jeito maneiro de escapulir da fiscalização.
Um abraço a todos.
Adriana
Os textos já estão no xérox do segundo andar, conforme combinamos. Conseguimos digitalizar os livros inteiros, mas o acesso a eles não é feito pela pasta do curso (que está no computador do xérox). Vocês terão que pedir, no balcão, a cópia, indicando o título e o autor da obra. É um jeito maneiro de escapulir da fiscalização.
Um abraço a todos.
Adriana
sábado, 14 de março de 2009
Programa do curso da pós graduação 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 1º. Semestre de 2009
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Departamento de História – Programa de Pós-Graduação
Profa. Adriana Romeiro – adriana.romeiro@uol.com.br
HIS873 – Tópico Especial I – Textos fundamentais para a história da cultura
(60h/04cr)
Professora: Adriana Romeiro
Linha de Pesquisa: História Social da cultura
Horário: 5ª feira de 14 às 18 horas
Ementa: O objetivo do curso é proporcionar um espaço de discussão dos textos fundamentais para a história da cultura. Sem se prender a recortes muito nítidos, o enfoque privilegiará as abordagens da história cultural que se prestam ao estudo dos imaginários políticos, transitando entre a historiografia italiana e inglesa e as contribuições mais recentes dos estudiosos norte-americanos. Autores como Fredrik Barth e Carlo Ginzburg serão visitados, bem como Jack P. Greene e Charles Tilly, numa tentativa de situar o campo teórico da história política sob uma perspectiva cultural.
Carga horária: 60 horas/ 15 aulas
Metodologia: Seminários e debates em sala de aula.
Blog: A disciplina contará com um blog, onde serão postados o calendário das leituras, os arquivos de textos e as mensagens de professor e alunos, funcionando também como um fórum de debate.
Avaliação: Não será exigido um trabalho de final de curso, como é praxe neste Departamento de História. Em vez dele, os alunos ficaram obrigados a entregar um fichamento sucinto dos textos assinalados com asterisco, no início da aula em que serão discutidos. O objetivo aqui é eximir os alunos das dificuldades de um trabalho final e, ao mesmo tempo, garantir a sua participação no curso, através da leitura dos textos mais significativos.
Atendimento: Os alunos deverão marcar entrevista com a professora pelo e-mail adriana.romeiro@uol.com.br
1ª. Semana
Introdução à história da cultura: obras gerais.
BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de Janeiro: JorgeZahar Editor, 2005. Leitura obrigatória.
BURKE, Peter, Variedades de história cultural. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. Capítulo I: Origens da história cultural (p. 11 a p. 38) e capítulo 11: Unidade e Variedade na história cultural (pp. 231 a 267). Leitura obrigatória.
BURKE, Peter. A escrita da historia: novas perspectivas. São Paulo: 1992. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro (pp. 7 a 38). Leitura obrigatória.
HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992. Leitura obrigatória.
Seminário: Grupo A
Pour une histoire culturelle / Sous la direction de Jean-Pierre Rioux, Jean-François Sirinelli.-- Paris : Editions du Seuil, 1997. ou RIOUX Y SIRINELLI. Para uma historia cultural. Mexico: Taurus, 1998. ou RIOUX, J. P. &
SIRINELLI, J. F. (Dir.). Para uma História Cultural. Lisboa: Estampa, 1998.
I. École des Annales - os clássicos
Segunda Semana
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Os reis taumaturgos: o carater sobrenatural do poder régio França e Inglaterra. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 433p. Leitura obrigatória
Seminário: Grupo B
FEBVRE, Lucien Paul Victor. Le probleme de l'incroyance du XVI siecle : la religion de Rabelais. Paris: Albin Michel, c1968.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. 1. ed. Lisboa: Martins Fontes, 1983-1984. 2 v.
Textos de apoio
BURKE, Peter; ODALIA, Nilo. A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da historiografia. São Paulo: Ed. da UNESP, c1990.
LARA, Marcos. "Presentación". In: BLOCH, March. Los reys taumaturgos. México, Fondo de Cultura Económica, 1988.
II. Antropologia histórica
Terceira semana
LE GOFF. O maravilhoso e o quotidiano no Ocidente medieval. Capítulos: O maravilhoso no Ocidente medieval (p. 19-38) e O historiador e o homem cotidiano. (pp. 185-200). Leitura obrigatória
LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média: tempo, trabalho e cultura no ocidente. Lisboa: Estampa, 1993: “Cultura clerical e tradições folclóricas na civilização merovíngia” (pp. 207 a 220) e “ Cultura eclesiástica e cultura folclórica na Idade Média: S. Marcelo de Paris e o Dragão” (pp. 221 a 262); “O historiador e o homem quotidiano” (pp. 313 a 324). Leitura obrigatória.
LE GOFF, Jacques. Reflexões sobre a historia. Lisboa: Edições 70, 1982. Capítulo II: A história e os outros (pp. 35-62) e Capítulo III: A nova história (pp. 63 101). Leitura obrigatória.
Seminário Grupo C
DUBY, Georges. O domingo de Bouvines: 27 de julho de 1214. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
Texto de apoio
UMA ENTREVISTA COM JACQUES LE GOFF. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 4, n. 8, 1991, p. 262-270. Site: WWW.cpdoc.fgv.brc/revista
Uma vida para a história. Conversações com Marc Heurgon. São Paulo: Unesp, 1998
Jacques le Goff, Roger Chartier e Jacques Revel (dirigida por) A Nova História. 1a. edição em francês, 1978. Coimbra: Almedina. 1990. p. 37.
Kuper, Adam. Cultura - a visão dos antropólogos, Tradução de Mirtes Frang de Oliveira Pinheiros, Edusc.
III. Historiografia Inglesa
4ª. Semana
THOMPSON, E. P. (Edward Palmer). Costumes em comum. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1998. Leitura obrigatória.
Seminário: Grupo D
HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: idéias radicais durante a revolução inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Seminário Grupo C
Bibliografia de apoio
MULLER, Ricardo Gaspar. Razão e Utopia: Thompson e a História. Tese de doutorado.
IV. Historiografia italiana: a micro-história.
5ª. Semana
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. 3.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Leitura obrigatória.
LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In BURKE, Peter. A escrita da historia: novas perspectivas. São Paulo: 1992. 354p. Leitura obrigatória
Seminário: Grupo E
González y González, Luis. Pueblo en vilo : microhistoria de San José de Gracia / González, Luis.-- Zamora, Michoacán : El Colegio de Michoacán, [1995].
GINZBURG, Carlo. FIO E OS RASTROS, O- Verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Capítulo 8: No rastro de Israel Bertuccio (pp. 154 a 169); capítulo 13: “Micro-história: duas ou três coisas que sei a respeito” (pp. 249-279).
Bibliografia de apoio
LIMA, Henrique Espada. A micro-história italiana: escalas, indícios e singularidades. São Paulo: Record, 2006.
HISTÓRIA E CULTURA: Conversa com Carlo Ginzburg. .Estudos Históricos; Rio de Janeiro, vol. 3, n. 6, 1990, p254 -263. Site: WWW.cpdoc.fgv.br/revista
V. Nova história francesa
6ª semana
CHARTIER, Roger. A história cultural entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; Lisboa [Portugal]: Difel, 1990. 244p. Leitura obrigatória.
Seminário Grupo F
CHARTIER, Roger. Les origines culturelles de la Revolution Française. Paris: Seuil, 1990.
CHARTIER, Roger,. Leituras e leitores na França do Antigo Regime. São Paulo: Ed. UNESP, 2004. 395p.
7ª. Semana
DARNTON, Robert. Edição e sedição: o universo da literatura clandestina no século XVIII. São Paulo: 1992. Leitura obrigatória
Seminário Grupo G
DARNTON, Robert. Os dentes falsos de George Washington: um guia não convencional para o século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2005
VI. Culturas mestiças: mediações, hibridismos e intercâmbios.
8ª. Semana
BURKE, Peter,. Hibridismo cultural. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2003. 116p. Leitura obrigatória.
GRUZINSKI, Serge. A passagem do século, 1480 - 1520 : as origens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 119p. (Virando séculos). Leitura obrigatória
ARES, Berta Y GRUZINSKI. Entre dos mundos. Fronteras culturales y agente mediadores. Sevilla, Escuela de Estudios Hispano-americanos.
Leitura obrigatória
Seminário Grupo H
COLOQUIO INTERNACIONAL SOBRE MEDIADORES CULTURAIS SECULOS XV A XVIII: 2.: 1997 Lagos, Portugal; LOUREIRO, Rui Manuel; GRUZINSKI, Serge. Passar as fronteiras. Lagos: Centro de Estudos Gil Eanes.
GRUZINSKI, Serge. O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 398 p.
VII. Cultura e política
9ª Semana
GUERRA, F. X. El renacer de la historia politica: razones y propuestas. ANDRES-GALLEGO, J. A. New History, nouvelle histoire, hacia una nueva historia. Madrid, Universidad Complutense de Madrid, 1993. Leitura obrigatória.
REMOND, René. "Por que a história política". Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 7 (n. 13, 1994): 07-19. Leitura obrigatória.
Seminário Grupo I
REMOND, René (org.). Por uma história política. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ/ Ed. FGV, 1996.
10ª. Semana
VOVELLE, Michel. Ideologias e mentalidades: um esclarecimento necessário (pp. 9-25). In Ideologias e mentalidades. São Paulo: Brasiliense, 1987. Leitura obrigatória.
DUTRA, Eliana R. de Freitas. História e Culturas políticas: definições, usos, genealogia. Varia História, no. 28, dezembro de 2002. Leitura obrigatória.
TRAUGOTT, Mark, ed. Repertoires & Cycles of collective action. London: Duke University Press, 1995. Leitura obrigatória.
11ª. Semana
HUNT, Lynn Avery. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 342p. Leitura obrigatória.
Seminário Grupo J
GREENE, JACK. P. Negotiated authorities : essays in colonial political and constitutional history / Jack P. Greene.-- Charlottesville and London. University Press of Virginia, 1994.
VIII. Cultura política no Antigo Regime luso-brasileiro
12ª. semana
HESPANHA, Antônio. A linguagem da desigualdade e da discriminação no discurso jurídico do Antigo Regime. Curso dado na UFMG, em abril de 2008, p. 1-188. Leitura obrigatória.
Seminário: Grupo A
MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos: nobres contra mascates. Pernambuco 1666-1715. São Paulo: Cia. das Letras, c1995.
XIX. Avulsos interessantes
13ª. Semana
SUBRAHMANIAM, S. (1997). "Connected Histories: Notes Towards a Reconfiguration of Early Modern Eurasia". Modern Asian Studies, vol. 31, nº 3, pp. 735-762. Leitura obrigatória
Seminário: Grupo C
Nichols Canny and Anthony Pagden . Colonial identity in the Atlantic world : 1500-1800. Princeton, N.J. : Princeton Univ, 1989.
14a. Semana
Encerramento com balanço final das leituras.
BIBLIOGRAFIA GERAL
Baker, Keith M., ed. The Political Culture of the Old Regime, vol. 1 of The French Revolution and the Creation of Modern Political Culture. Oxford and New York: Pergamon Press,1987.
BARROS, José de Assunção. Campo da História: Especialidades e Abordagens. Petrópolis: Vozes, 2004.
BUESCU, A. I. Imagens do Príncipe; discurso normativo e representação (1525-1549). Lisboa: Cosmos, 1996.
CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietude. Porto Alegre: Editora da Universidade - UFRGS, 2002.
CASALILLA, Bartolomé Yun (dir.). Las redes del Imperio: élites sociales em la articulación de la monarquia hispânica, 1492-1714. Madrid, Marcial Pons, 2009.
CERTEAU, Michel De. A invenção do cotidiano: artes e fazer. Petrópolis: Ed. Vozes, 1994
FARGE, A. La vie fragile; violence, pouvoirs et solidarités à Paris au XVIIIe siècle. Paris: Hachette, 1986.
GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 311 p. ISBN 8535901531
GINZBURG, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 192 p. : ISBN 8535902759 (broch.)
GINZBURG, Carlo; CASTELNUOVO, Enrico; PONI, Carlo. A micro-historia e outros ensaios. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, c1989. 244p. ((Memoria e sociedade)) ISBN 9722902563 (broch.)
GREENE, Jack P. Peripheries and center : constitutional development in the extended polities of the british empire and the United States, 1607-1788 / Jack P. Greene.-- New York : W.W. Norton, 1986.-- XII,274 p.
KANTOROWICZ, Ernst Hartwig. Os dois corpos do rei: um estudo sobre teologia politica medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
LE GOFF, Jacques; HEURGON, Marc. Uma vida para a história: conversações com Marc Heurgon. São Paulo: Ed. UNESP, 1998. 265p ISBN 8571391912
LE GOFF, Jacques et alii. A Nova história. Lisboa: Edições 70, 1986.
Blogs:
http://historiacultural-pdf.blogspot.com
ESTRUTURA DOS SEMINÁRIOS
1. Apresentação sucinta do autor ou autores, contextualizando: campo de investigação e filiação teórico-metodológica.
2. Apresentação geral da obra: data de publicação e divisão dos capítulos.
3. Apresentação detalhada da obra:
- problemática
- metodologia
- aparato conceitual
- fontes
- argumento e/ou tese e/ou hipótese
- desenvolvimento do argumento.
- avaliação crítica da obra, à luz de seus próprios pressupostos (em que medida a argumentação desenvolvida consegue sustentar a tese proposta na obra ?)
4. A obra e seus interlocutores:
- com quem a obra dialoga ?
- qual é a contribuição da obra ?
- como a obra se situa em relação à problemática da história cultural ?
- qual é o valor da obra no conjunto dos estudos sobre o tema ?
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Departamento de História – Programa de Pós-Graduação
Profa. Adriana Romeiro – adriana.romeiro@uol.com.br
HIS873 – Tópico Especial I – Textos fundamentais para a história da cultura
(60h/04cr)
Professora: Adriana Romeiro
Linha de Pesquisa: História Social da cultura
Horário: 5ª feira de 14 às 18 horas
Ementa: O objetivo do curso é proporcionar um espaço de discussão dos textos fundamentais para a história da cultura. Sem se prender a recortes muito nítidos, o enfoque privilegiará as abordagens da história cultural que se prestam ao estudo dos imaginários políticos, transitando entre a historiografia italiana e inglesa e as contribuições mais recentes dos estudiosos norte-americanos. Autores como Fredrik Barth e Carlo Ginzburg serão visitados, bem como Jack P. Greene e Charles Tilly, numa tentativa de situar o campo teórico da história política sob uma perspectiva cultural.
Carga horária: 60 horas/ 15 aulas
Metodologia: Seminários e debates em sala de aula.
Blog: A disciplina contará com um blog, onde serão postados o calendário das leituras, os arquivos de textos e as mensagens de professor e alunos, funcionando também como um fórum de debate.
Avaliação: Não será exigido um trabalho de final de curso, como é praxe neste Departamento de História. Em vez dele, os alunos ficaram obrigados a entregar um fichamento sucinto dos textos assinalados com asterisco, no início da aula em que serão discutidos. O objetivo aqui é eximir os alunos das dificuldades de um trabalho final e, ao mesmo tempo, garantir a sua participação no curso, através da leitura dos textos mais significativos.
Atendimento: Os alunos deverão marcar entrevista com a professora pelo e-mail adriana.romeiro@uol.com.br
1ª. Semana
Introdução à história da cultura: obras gerais.
BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de Janeiro: JorgeZahar Editor, 2005. Leitura obrigatória.
BURKE, Peter, Variedades de história cultural. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. Capítulo I: Origens da história cultural (p. 11 a p. 38) e capítulo 11: Unidade e Variedade na história cultural (pp. 231 a 267). Leitura obrigatória.
BURKE, Peter. A escrita da historia: novas perspectivas. São Paulo: 1992. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro (pp. 7 a 38). Leitura obrigatória.
HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992. Leitura obrigatória.
Seminário: Grupo A
Pour une histoire culturelle / Sous la direction de Jean-Pierre Rioux, Jean-François Sirinelli.-- Paris : Editions du Seuil, 1997. ou RIOUX Y SIRINELLI. Para uma historia cultural. Mexico: Taurus, 1998. ou RIOUX, J. P. &
SIRINELLI, J. F. (Dir.). Para uma História Cultural. Lisboa: Estampa, 1998.
I. École des Annales - os clássicos
Segunda Semana
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Os reis taumaturgos: o carater sobrenatural do poder régio França e Inglaterra. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 433p. Leitura obrigatória
Seminário: Grupo B
FEBVRE, Lucien Paul Victor. Le probleme de l'incroyance du XVI siecle : la religion de Rabelais. Paris: Albin Michel, c1968.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. 1. ed. Lisboa: Martins Fontes, 1983-1984. 2 v.
Textos de apoio
BURKE, Peter; ODALIA, Nilo. A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da historiografia. São Paulo: Ed. da UNESP, c1990.
LARA, Marcos. "Presentación". In: BLOCH, March. Los reys taumaturgos. México, Fondo de Cultura Económica, 1988.
II. Antropologia histórica
Terceira semana
LE GOFF. O maravilhoso e o quotidiano no Ocidente medieval. Capítulos: O maravilhoso no Ocidente medieval (p. 19-38) e O historiador e o homem cotidiano. (pp. 185-200). Leitura obrigatória
LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média: tempo, trabalho e cultura no ocidente. Lisboa: Estampa, 1993: “Cultura clerical e tradições folclóricas na civilização merovíngia” (pp. 207 a 220) e “ Cultura eclesiástica e cultura folclórica na Idade Média: S. Marcelo de Paris e o Dragão” (pp. 221 a 262); “O historiador e o homem quotidiano” (pp. 313 a 324). Leitura obrigatória.
LE GOFF, Jacques. Reflexões sobre a historia. Lisboa: Edições 70, 1982. Capítulo II: A história e os outros (pp. 35-62) e Capítulo III: A nova história (pp. 63 101). Leitura obrigatória.
Seminário Grupo C
DUBY, Georges. O domingo de Bouvines: 27 de julho de 1214. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
Texto de apoio
UMA ENTREVISTA COM JACQUES LE GOFF. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 4, n. 8, 1991, p. 262-270. Site: WWW.cpdoc.fgv.brc/revista
Uma vida para a história. Conversações com Marc Heurgon. São Paulo: Unesp, 1998
Jacques le Goff, Roger Chartier e Jacques Revel (dirigida por) A Nova História. 1a. edição em francês, 1978. Coimbra: Almedina. 1990. p. 37.
Kuper, Adam. Cultura - a visão dos antropólogos, Tradução de Mirtes Frang de Oliveira Pinheiros, Edusc.
III. Historiografia Inglesa
4ª. Semana
THOMPSON, E. P. (Edward Palmer). Costumes em comum. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1998. Leitura obrigatória.
Seminário: Grupo D
HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: idéias radicais durante a revolução inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Seminário Grupo C
Bibliografia de apoio
MULLER, Ricardo Gaspar. Razão e Utopia: Thompson e a História. Tese de doutorado.
IV. Historiografia italiana: a micro-história.
5ª. Semana
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. 3.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Leitura obrigatória.
LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In BURKE, Peter. A escrita da historia: novas perspectivas. São Paulo: 1992. 354p. Leitura obrigatória
Seminário: Grupo E
González y González, Luis. Pueblo en vilo : microhistoria de San José de Gracia / González, Luis.-- Zamora, Michoacán : El Colegio de Michoacán, [1995].
GINZBURG, Carlo. FIO E OS RASTROS, O- Verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Capítulo 8: No rastro de Israel Bertuccio (pp. 154 a 169); capítulo 13: “Micro-história: duas ou três coisas que sei a respeito” (pp. 249-279).
Bibliografia de apoio
LIMA, Henrique Espada. A micro-história italiana: escalas, indícios e singularidades. São Paulo: Record, 2006.
HISTÓRIA E CULTURA: Conversa com Carlo Ginzburg. .Estudos Históricos; Rio de Janeiro, vol. 3, n. 6, 1990, p254 -263. Site: WWW.cpdoc.fgv.br/revista
V. Nova história francesa
6ª semana
CHARTIER, Roger. A história cultural entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; Lisboa [Portugal]: Difel, 1990. 244p. Leitura obrigatória.
Seminário Grupo F
CHARTIER, Roger. Les origines culturelles de la Revolution Française. Paris: Seuil, 1990.
CHARTIER, Roger,. Leituras e leitores na França do Antigo Regime. São Paulo: Ed. UNESP, 2004. 395p.
7ª. Semana
DARNTON, Robert. Edição e sedição: o universo da literatura clandestina no século XVIII. São Paulo: 1992. Leitura obrigatória
Seminário Grupo G
DARNTON, Robert. Os dentes falsos de George Washington: um guia não convencional para o século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2005
VI. Culturas mestiças: mediações, hibridismos e intercâmbios.
8ª. Semana
BURKE, Peter,. Hibridismo cultural. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2003. 116p. Leitura obrigatória.
GRUZINSKI, Serge. A passagem do século, 1480 - 1520 : as origens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 119p. (Virando séculos). Leitura obrigatória
ARES, Berta Y GRUZINSKI. Entre dos mundos. Fronteras culturales y agente mediadores. Sevilla, Escuela de Estudios Hispano-americanos.
Leitura obrigatória
Seminário Grupo H
COLOQUIO INTERNACIONAL SOBRE MEDIADORES CULTURAIS SECULOS XV A XVIII: 2.: 1997 Lagos, Portugal; LOUREIRO, Rui Manuel; GRUZINSKI, Serge. Passar as fronteiras. Lagos: Centro de Estudos Gil Eanes.
GRUZINSKI, Serge. O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 398 p.
VII. Cultura e política
9ª Semana
GUERRA, F. X. El renacer de la historia politica: razones y propuestas. ANDRES-GALLEGO, J. A. New History, nouvelle histoire, hacia una nueva historia. Madrid, Universidad Complutense de Madrid, 1993. Leitura obrigatória.
REMOND, René. "Por que a história política". Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 7 (n. 13, 1994): 07-19. Leitura obrigatória.
Seminário Grupo I
REMOND, René (org.). Por uma história política. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ/ Ed. FGV, 1996.
10ª. Semana
VOVELLE, Michel. Ideologias e mentalidades: um esclarecimento necessário (pp. 9-25). In Ideologias e mentalidades. São Paulo: Brasiliense, 1987. Leitura obrigatória.
DUTRA, Eliana R. de Freitas. História e Culturas políticas: definições, usos, genealogia. Varia História, no. 28, dezembro de 2002. Leitura obrigatória.
TRAUGOTT, Mark, ed. Repertoires & Cycles of collective action. London: Duke University Press, 1995. Leitura obrigatória.
11ª. Semana
HUNT, Lynn Avery. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 342p. Leitura obrigatória.
Seminário Grupo J
GREENE, JACK. P. Negotiated authorities : essays in colonial political and constitutional history / Jack P. Greene.-- Charlottesville and London. University Press of Virginia, 1994.
VIII. Cultura política no Antigo Regime luso-brasileiro
12ª. semana
HESPANHA, Antônio. A linguagem da desigualdade e da discriminação no discurso jurídico do Antigo Regime. Curso dado na UFMG, em abril de 2008, p. 1-188. Leitura obrigatória.
Seminário: Grupo A
MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos: nobres contra mascates. Pernambuco 1666-1715. São Paulo: Cia. das Letras, c1995.
XIX. Avulsos interessantes
13ª. Semana
SUBRAHMANIAM, S. (1997). "Connected Histories: Notes Towards a Reconfiguration of Early Modern Eurasia". Modern Asian Studies, vol. 31, nº 3, pp. 735-762. Leitura obrigatória
Seminário: Grupo C
Nichols Canny and Anthony Pagden . Colonial identity in the Atlantic world : 1500-1800. Princeton, N.J. : Princeton Univ, 1989.
14a. Semana
Encerramento com balanço final das leituras.
BIBLIOGRAFIA GERAL
Baker, Keith M., ed. The Political Culture of the Old Regime, vol. 1 of The French Revolution and the Creation of Modern Political Culture. Oxford and New York: Pergamon Press,1987.
BARROS, José de Assunção. Campo da História: Especialidades e Abordagens. Petrópolis: Vozes, 2004.
BUESCU, A. I. Imagens do Príncipe; discurso normativo e representação (1525-1549). Lisboa: Cosmos, 1996.
CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietude. Porto Alegre: Editora da Universidade - UFRGS, 2002.
CASALILLA, Bartolomé Yun (dir.). Las redes del Imperio: élites sociales em la articulación de la monarquia hispânica, 1492-1714. Madrid, Marcial Pons, 2009.
CERTEAU, Michel De. A invenção do cotidiano: artes e fazer. Petrópolis: Ed. Vozes, 1994
FARGE, A. La vie fragile; violence, pouvoirs et solidarités à Paris au XVIIIe siècle. Paris: Hachette, 1986.
GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 311 p. ISBN 8535901531
GINZBURG, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 192 p. : ISBN 8535902759 (broch.)
GINZBURG, Carlo; CASTELNUOVO, Enrico; PONI, Carlo. A micro-historia e outros ensaios. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, c1989. 244p. ((Memoria e sociedade)) ISBN 9722902563 (broch.)
GREENE, Jack P. Peripheries and center : constitutional development in the extended polities of the british empire and the United States, 1607-1788 / Jack P. Greene.-- New York : W.W. Norton, 1986.-- XII,274 p.
KANTOROWICZ, Ernst Hartwig. Os dois corpos do rei: um estudo sobre teologia politica medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
LE GOFF, Jacques; HEURGON, Marc. Uma vida para a história: conversações com Marc Heurgon. São Paulo: Ed. UNESP, 1998. 265p ISBN 8571391912
LE GOFF, Jacques et alii. A Nova história. Lisboa: Edições 70, 1986.
Blogs:
http://historiacultural-pdf.blogspot.com
ESTRUTURA DOS SEMINÁRIOS
1. Apresentação sucinta do autor ou autores, contextualizando: campo de investigação e filiação teórico-metodológica.
2. Apresentação geral da obra: data de publicação e divisão dos capítulos.
3. Apresentação detalhada da obra:
- problemática
- metodologia
- aparato conceitual
- fontes
- argumento e/ou tese e/ou hipótese
- desenvolvimento do argumento.
- avaliação crítica da obra, à luz de seus próprios pressupostos (em que medida a argumentação desenvolvida consegue sustentar a tese proposta na obra ?)
4. A obra e seus interlocutores:
- com quem a obra dialoga ?
- qual é a contribuição da obra ?
- como a obra se situa em relação à problemática da história cultural ?
- qual é o valor da obra no conjunto dos estudos sobre o tema ?
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