quinta-feira, 26 de março de 2009

Aspectos da história cultural

Reuni abaixo as principais características da história cultural, a partir dos textos indicados para leitura. Acho que é possível estabeleceruma espécie de denominador comum entre os estudos voltados para a história cultural.

- explosão de temas e objetos: história total ou “toda história é história cultural”.
- ruptura com as idéias de centro e periferia: relativismo radical.
- alargamento dos tipos documentais
- limitada inovação de método.
- longa duração
- retorno da narrativa
- tendência sincrônica
- interesse pelo povo comum: história vista de baixo.
- desprezo pelo acontecimento (espuma das ondas no mar): evento vs. estrutura
- ocasionalismo: movimento que se distancia da idéia de reações fixas, segundo regras, e que caminha em direção à noção de respostas flexíveis, de acordo com a lógia ou a definição da situação. Peso do contexto.
- relativismo cultural
- conceitos centrais: invenção, representação, prática, imaginário, idéias, mentalidade, visões. Construtivismo: história da construção cultural.
- deslocamento do real para o imaginário: interessa menos o mundo real do que o modo com que as pessoas o vêem e imaginam.
- Pressuposto teórico: a cultura como um sistema que dá sentido ao real (teias de significado).
- Realidade: é uma construção por meio da representação. A realidade é uma criação do indivíduo e da cultura. A realidade é inacessível ao historiador – e pouco relevante também. Construção social da realidade. Segundo Lucien Febvre, “cada época constrói mentalmente para si sua representação do passado histórico”
- Princípio teórico: a cultura é um determinante básico da realidade histórica, e não um terceiro nível.
- Abordagem culturalista: pressupõe a existência de um universo simbólico comum e unificado. Mas, como ficam as diferenças, pois que tal conceito de cultura tende a enfatizar uma visão extremamente consensual e desprovida de conflito ? É possível pensar aí a existência da luta e conflito ?
- Problema do construtivismo: restrições culturais no processo de construção.
- Problema do construtivismo: não existe criação ex nihilo.
- interesse pelas práticas (cotidianas) e não apenas pelo discurso: a história das práticas religiosas e não da teologia; a história da fala e não da lingüística. Estudo das práticas em busca de traços culturais mais profundos.
- Ênfase na abordagem interpretativa, de caráter antropológico: leitura de práticas, atos, gestos, textos e imagens. Objetivo é a decifração dos significados, isto é, os significados inscritos pelos contemporâneos, a partir do pressuposto de que a expressão individual ocorre no âmbito de um idioma geral.
- interesse pelas práticas de leitura: estudo das reações dos leitores aos livros.
- interesse pelos imaginários (tudo o que é imaginado), incorporados ao real: a imagem (como a dos três estados, de Duby) tem o poder de modificar a realidade que parece refletir; sonhos, visões, fantasmas e medos.
- estudo das formas de representação: representações da natureza, do ouro, da guerra, etc.
- estudo da memória social ou memória cultural: como a memória é afetada pela narrativa literária, moldando-se a uma matriz prévia.
- interesse pela cultura material, como alimentos, vestuário e habitação.
- interesse pela história do corpo.
- Teoria da apropriação (De Certeau): seleção a partir de um repertório, criando novas combinações entre o que selecionavam, e colocando em novos contextos aquilo de que haviam se apropriado.

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