É bem reconfortante olhar para o passado e encontrar nele uma multidão de despossuídos pregando paz e amor, defendendo o amor livre, propondo uma revolução sexual e combatendo com flores. Nada mais anos 60 do que o ideário retro-hippie dos personagens de Hill em "O mundo de ponta cabeça". É muito consolador encontrar no passado aquilo que nós gostaríamos de ser... Acho mesmo que é uma forma de legitimar os nossos sonhos, atribuindo-lhes um estatuto antigo, quase uma vocação natural.
É um pouco desta idealização tão melancólica que encontramos nas páginas de Hill, onde nem mesmo a violência aparece em tons sombrios.
Para nós, historiadores da cultura, o que o texto de Hill ilumina, para além dos seus defeitos, é a possibilidade de se pensar outras alternativas políticas e culturais para determinados contextos históricos: sob a etiqueta pesada e rígida da famigerada cultura dominante, esconde-se um buliçoso e dinâmico universo de crenças, concepções e visões de mundo bem peculiares, que formulam projetos diferentes para o futuro. É, numa análise mais sofisticada, o estudo dos vencidos.
Tanto Hill quanto Thompson empenharam-se em recuperar o mundo dos vencidos da História. E isso, cá para nós, não é pouca coisa.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
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Oi,
ResponderExcluirvery interesting:)
Greetings***