Livros
Le Goff, Jacques À la recherche du Moyen Âge (com a colaboração de Jean-Maurice de Montremy). Paris: Ed. Louis Audiber, 2003.
O autor centrou seu estudo sobre a figura do mercador, ao mesmo tempo banqueiro e intelectual, alcançando um período de 576 a 1492. A narrativa afasta a idéia de que a Idade Média seria uma época bárbara e coloca em evidência sua riqueza cultural, sua complexidade e a marca da Igreja Católica. Insistindo sobre a capacidade de inovação de uma cultura que se dizia hostil à toda novidade, ele não hesita em evocar múltiplas "renascenças". Este livro apaixonante é muito accessível, desenha uma Idade Média ignorada, inovadora para os milenaristas e entretanto largamente portadora de esperanças. Jacques Le Goff mostra com imenso talento que o humanismo não esperou o Renascimento para aparecer. E que a Europa do futuro não precisaria se inventar esquecendo seu passado.
Ref.: 940 1 LEG
Le Goff, Jacques "L´Appétit de l´histoire", in Essais d´Ego – Histoire (sob a responsabilidade de Pierre Nora). Paris: Gallimard, 1987.
Eis aqui, na Biblioteca das Histórias, um livro que não se parece com outros. Não se trata de uma pesquisa, mas sim de uma tentativa de laboratório: historiadores pesquisam para se fazerem os historiadores deles mesmos. Esses ensaios podem e devem ser lidos como foram escritos, independentemente uns dos outros. Mas seus ensaios, que responderam a uma questão urgente e sua aparência gostaria de, sobretudo, contribuir à elaboração de um gênero: "a história do ego". Um gênero novo, para uma nova idade da consciência histórica. (...) Ao leitor, cabe apreciar o que o resultado aporta de renovação aos gêneros advindos da memória pessoal e do aprofundamento na inteligência do tempo.
Essais d´Ego-Histoire reune ensaios dos seguintes historiadores: Maurice Agulhon, Pierre Chaunu, Georges Duby, Raoul Girardet, Jacques Le Goff, Michelle Perrot e René Rémond. (Pierre Nora)
Ref.: 907 2 ESS
Le Goff, Jacques La Civilisation de l´Occident médiéval. Paris: Arthaud, 1967.
La Civilisation de l´Occident médiéval é um livro que pretende descortinar, por detrás da Idade Média das camadas nobres revelada pela historiografia tradicional, muito além da Idade das Trevas, uma Idade Média das profundidades, das estruturas, dos alicerces – indo, então, ao encontro das raízes da civilização medieval. Dividido em dois volumes e duas partes, o livro aborda primeiramente a evolução histórica desse mundo: instalação dos bárbaros; organização germânica; formação e crise da Cristandade. Na segunda parte, a obra trata de temas como a cultura; as estruturas espaciais e temporais; a vida material; a sociedade cristã; mentalidades e atitudes; as permanências e novidades deste tempo. Como apêndices, contém um Atlas histórico; quadros; cronológicos; dicionário de nomes e termos; e bibliografia de orientação Trata-se de um verdadeiro manual para alunos e professores. (Priscila Aquino)
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques Dicionário Temático do Ocidente Medieval [Dictionnaire raisonné de l´Occident médiéval]. Org. com Jean-Claude Schmitt. Trad. (Coord.): Hilário Franco Júnior. Bauru (SP): EDUSC; S. Paulo: Imprensa Oficial, 2002.
Nesta grandiosa obra, organizada por Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt, percebe-se toda a minúcia e cuidado para, não apenas fornecer informações, mas traduzir o desenvolvimento do saber acerca da Idade Média – trazendo à tona os debates entre historiadores, suas hipóteses e principais questões. Filiado à 2
renovação da História Medieval engendrada por Marc Bloch, com aberta ambição interdisciplinar e interesse pela "história problema", o Dicionário é dividido em dois volumes e se estrutura a partir de verbetes que interagem entre si por meio de um jogo remissivo. Cada verbete se remete a outros, que são inspirados em temáticas recorrentes na história medieval atual – como, por exemplo, os verbetes sobre o Além ou o Maravilhoso. Esse método não hierárquico e não linear possibilita que cada leitor faça uso do livro da forma que lhe seja mais útil, escolhendo sua própria trajetória no interior da obra. O prefácio – onde os organizadores explicitam suas intenções – enuncia o projeto de preencher uma lacuna, além de escolher um caminho médio: banindo o muito grande e geral; e o muito pequeno e particular, como nomes de personagens históricos e mesmo nomes próprios (com algumas exceções). A obra integra-se à orientação da chamada História do Imaginário, apreendendo o fenômeno histórico em dois registros: o registro dos fatos e o das representações desses fatos. Quanto ao programa pedagógico e cívico do Dicionário Temático, os organizadores são claros – manter o passado a uma distância crítica que nos proporcione meios de reflexão sobre o presente. Nesse sentido, a História Medieval estaria próxima e distante a um só tempo. Trata-se de um excelente meio para conhecer, aprofundar e se atualizar nas questões e problemas mais recentes sobre a história do Ocidente medieval. (Priscila Aquino)
Ref.: 900.030 DIC T1 e T2
Le Goff, Jacques Le Dieu du Moyen Âge (entrevista com Jean-Luc Pouthier). Paris: Bayard, 2003.
De qual Deus se trata na Idade Média? Que representa o Espírito Santo e a Virgem Maria para os medievais? Qual a relação entre Deus e a sociedade medieval? Em quem acreditam os homens da Idade Média? Qual é o lugar de Deus e da Teologia no interior da cultura da Idade Média? Tais são as questões que a História se esforça em responder.
Jacques Le Goff traça as representações de Deus através das instituições políticas, a arte, a cultura, a teologia, os dogmas, as práticas e a vida cotidiana de homens e mulheres da sociedade medieval.
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques L´Europe est-elle née au Moyen Âge? Essai. Paris: Ed. Du Seuil, 2003.
A Europa contemporânea é uma longa história que começa antes da chegada do Cristianismo e continua com seu recuo. Aos olhos de quem sabe ver, como os de Jacques Le Goff, aparecem os traços, os extratos sucessivos de numerosas mudanças, desde as ruínas do Império Romano até as descobertas do século XVI. O historiador os atualiza, os explora, para mostrar o quanto a Europa contemporânea herdou, usou, retomando bem as características desta "Europa" medieval que não é totalmente a nossa, mas representa um momento importante de sua construção: unidade potencial e diversidade fundamental, mestissagem populacional, divisões e oposições Oeste-Leste ou Sul-Norte, primato unificador da cultura. Do fracasso carolingiano à "belle" Europe de cidades e de universidades, Jacques le Goff nos mostra, numa intensa viagem ao passado, na esperança que, compreendendo melhor suas origens, os Europeus construam melhor seu futuro.
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques Faire de L´histoire: Nouveaux Problèmes, Nouvelles Approches, Nouveaux Objets. Org.: Jacques Le Goff e Pierre Nora. Paris: Gallimard, 1974.
Veja: História: Novos Problemas, Novas Abordagens, Novos Objetos.
Ref.: 901 LEG T1, T2 e T3
Le Goff, Jacques Héros du Moyen Âge, le Saint et le Roi. Paris: Ed. Gallimard (coll. Quarto), 2004.
"Todas as civilizações honraram personagens humanas e ou sobrenaturais, a quem elas quiseram até render um verdadeiro culto. Assim, a Antigüidade greco-romana venerou os heróis, os deuses e os seres intermediários, heróis divinizados ou semi-deuses. A mudança nas civilizações resultou numa modificação nessas categorias.
A partir do século IV, a instalação no Ocidente de uma nova religião, o cristianismo, e de um novo sistema político e social, a sociedade medieval, provocou uma mudança profunda em deuses e heróis. E de início uma novidade revolucionária: o monoteísmo substitui o politeísmo. Não há mais do que um só Deus, mesmo quando a Trindade e a Virgem Maria dão lugar ao estado de crenças e de práticas correntes, a um certo politeísmo. Há, então, o aparecimento de uma nova categoria de heróis, os santos, de um novo tipo de governante, superior por natureza nos seus súditos, o rei. No século XIII, século de São Francisco de Assis e de São Luís, o Santo e o Rei são o apogeu da Europa cristã". (Jacques Le Goff)
Este volume contém :
Saint François d´Assise
Saint Louis
"Reims, ville du sacre"
Dez artigos reunidos em torno de três temas: Le Roi dans l´Occident médiéval; La Cour royale; Ordres mendiants et Villes
Conclusion: "Du ciel sur la terra. La mutation des valeurs du XIIe au XIIIe siècle dans l´Occident chrétien".
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques História: Novos Problemas [Faire de L´histoire: Nouveaux Problèmes]. Org.: Jacques Le Goff e Pierre Nora. 4a ed. Trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.
História: Novas Abordagens [Faire de L´histoire: Nouvelles Approches]. Org,: Jacques Le Goff e Pierre Nora. 3a ed. Trad. Henrique Mesquita. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. Ed. portuguesa: Fazer história. Venda Nova: Bertrand, 1981-1987, 3 vol.
História: Novos Objetos [Faire de L´histoire: Nouveaux Objets]. Org. Jacques Le Goff e Pierre Nora. 2a ed. Trad. Teresinha Marinho. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986. 3
Esta obra pretende ser mais do que um balanço ou um simples panorama. É um diagnóstico da situação da história, tal como é praticada, ao menos na França, por historiadores egressos de múltiplos horizontes e pertencentes a gerações diferentes, mas que partilham – sem caráter de escola – um mesmo espírito de pesquisa. É também um ponto de partida para novas trilhas de exploração histórica.
A história de fato, como outras ciências, vem sofrendo uma profunda mutação nos últimos anos. Assim como se fala de uma lingüística ou de uma matemática "moderna", existe também uma história "nova". É esta que se pretende apresentar e encorajar aqui.
Novos problemas colocam em questão a própria história. Novas abordagens enriquecem e modificam os setores tradicionais da história. Novos objetos, enfim, se estabelecem no campo epistemológico da história. A cada um desses aspectos é consagrado um volume, integrando a quantos se interessem pelas Ciências Sociais.
1o Volume – História: Novos Problemas (T1): A operação histórica (Michel de Certeau); O quantitativo em história (François Furet); A história conceptualizante (Paul Veyne); As vias da história antes da escrita (André Leroi-Gourhan); A história dos povos sem história (Henri Moniot); A aculturação (Nathan Wachtel); História social e ideologia das sociedades (Georges Duby); História marxista, história em construção (Pierre Vilar); O regresso do acontecimento (Pierre Nora).
2o Volume – História: Novas Abordagens (T2): A arqueologia (Alain Schnapp); A economia: As crises econômicas e Superação e prospectiva (Pierre Chaunu); A demografia (André Burguière); A religião: Antropologia religiosa e História religiosa (Dominique Julia); A literatura (Jean Starobinski); A arte (Henri Zerner); As ciências (Michel Serres); A política (Jacques Julliard).
3o Volume – História: Novos Objetos (T3): O clima: A história da chuva e do bom tempo (Emmanuel Roy Ladurie); O inconsciente: O episódio da prostituta em Que Fazer? E em O Subsolo (Alain Besançon); O mito: Orfeu de mel (Marcel Detienne); As mentalidades: uma história ambígua (Jacques Le Goff); A língua: lingüística e histórica (Jean-Claude Chevalier); O livro: uma mudança de perspectiva (Roger Charlier e Daniel Roche); Os jovens: o cru, a criança grega e o cozido (Pierre Vidal-Nauet); O corpo: o homem doente e a sua história (Jean-Pierre Peter e Jacques Peter e Jacques Revel); A cozinha: uma ementa do século XIX (Jean-Paul Aron); A opinião pública: apologia para as sondagens (Jacques Ozouf); O filme: uma contra-análise da sociedade (Marc Ferro); A festa: sob a Revolução Francesa (Mona Ozouf).
Ref.: 907 HIS
Le Goff, Jacques A História Nova [La Nouvelle histoire]. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes. 1988. (O Homem e a História)
Ref.: 901 LEG
Le Goff, Jacques (sob a responsabilidade de) L’Homme médiéval. Paris : Seuil, 1989 (L’Univers historique).
Ref.: 909.1 HOM
Le Goff, Jacques O Imaginário medieval [L´imaginaire médiéval]. Trad. Manuel Ruas. Lisboa: Estampa, 1994.
Le Goff em O Imaginário Medieval leva o leitor a uma viagem do conhecimento através das imagens mentais e coletivas do Ocidente medieval – e, assim, coloca em foco a necessidade de estudar o imaginário como um fenômeno coletivo, social e histórico que permite chegar a funda na consciência de uma sociedade. O livro se divide em seis partes, onde os principais lugares de ação do imaginário medievo são demarcados: o deserto/floresta; o corpo; o purgatório; os sonhos. O maravilhoso, com parte deste imaginário, é abordado de modo a apontar seus usos na esfera do cotidiano, pelo cristianismo e na política. A literatura e o estudo do poder, e de sua simbologia, também são temas de análise do autor. O livro contém ainda alguns apêndices que se referem às fontes utilizadas, e suplementos bibliográficos que orientam aqueles que pretendem se aprofundar. (Priscila Aquino)
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques Os Intelectuais na Idade Média [Les Intellectuels au Moyen Âge]. Trad. de Marcos de Castro. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003. Ed. Br. Anterior: Trad. Maria Julia Goldwasser. São Paulo: Brasiliense, 1995. Ed. portuguesa: Os Intelectuais na Idade Média. Trad. de Luísa Quintela. Lisboa: Estúdios Cor, 1973.
O surgimento, no século XII, do intelectual, deste novo tipo socioprofissional urbano, assim como seu triunfo no século seguinte, constituem o objetivo deste livro escrito pelo ainda jovem Jacques Le Goff. No primeiro capítulo é analisada a formação do intelectual no contexto do século XII. O segundo capítulo demonstra como no século XII esta categoria profissional da saber e do ensino organiza-se e impõe-se. No terceiro e último capítulo, Le Goff traça o declínio do intelectual por ele especificado, durante os séculos XIV e XV. O livro ainda traz um prefácio de 1984, introdução, bibliografia comentada, marcos cronológicos e índice onomástico. Os Intelectuais na Idade Média tornou-se um clássico sobre o assunto. Publicado pela primeira vez em 1957, este estudo de Le Goff é referência obrigatória e, nos seus argumentos centrais, ainda não foi superado. Para Le Goff, o intelectual é um tipo sociológico específico que pode ser muito bem definido e analisado. Oriundos da divisão do trabalho e do renascimento urbano, os intelectuais são profissionais vinculados às primeiras universidades, reúnem-se em corporações e defendem o direito de viver graças ao ofício do saber e do ensinar. Le Goff nos deixa, enfim, a reflexão sobre o papel da ciência e do ensino, aliás, sobre a união de ambos, sobre a função na sociedade daquele a quem cabe realizá-la. (Marcelo Berriel)
Ref.: 909.07 LEG 4
Le Goff, Jacques Marchands et banquiers du Moyen Âge. Paris, PUF (coll. "Que sais-je", no 699), 1959; 9e Ed.: 2001.
Entre os séculos XI e XIII, a Cristianidade medieval é o teatro duma verdadeira revolução comercial, cujos grandes animadores são os mercadores e os banqueiros.
"Neste livro são os negociadores, os mercadores, que vamos mostrar. Homens de negócios, como se diz, e a expressão é excelente porque exprime a extensão e a complexidade de seus interesses: comércio propriamente dito, operações financeiras de todos os tipos, especulações, investimentos imobiliários e prediais. Contentamo-nos aqui em evocar, para nomeá-los, os dois pólos de sua atividade: o comércio e o banco.
Por outro lado, optamos por uma exposição sistemática na qual – sempre procurando os vínculos entre as diferentes atitudes de um mesmo homem – se considerou o mercador – banqueiro primeiro em seu gabinete ou no mercado – isto é, em sua atividade profissional –, depois em face do nobre, do operário, da cidade, do Estado –, isto é, em seu papel social e político –, em seguida, diante da Igreja e de sua consciência – ou seja, em sua atitude religiosa e moral – e, por fim, perante o ensino, a arte, a civilização – vale dizer, em seu papel cultural". (Jacques Le Goff)
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques O Nascimento do Purgatório [La Naissance du Purgatoire]. Trad. Maria Fernandes Gonçalves de Azevedo. Lisboa: Estampa, 1993.
A constituição de um novo lugar na geografia do Além cristão que a sociedade medieval viu nascer e triunfar, bem como a longa história das crenças que anunciam a idéia de Purgatório, são os objetos de estudo desta obra. O livro divide-se em três partes: a primeira consiste num estudo sobre os sistemas do Além anteriores ao nascimento do Purgatório. A segunda trata do nascimento do Purgatório como lugar, na segunda metade do século XII e a terceira, do seu triunfo no século XIII. O livro ainda possui quatro apêndices que enriquecem a análise. A crença no Purgatório revela nas suas bases as grandes questões de seu tempo. Le Goff demonstra como as idéias e imagens relacionadas a este lugar intermédio condizem com os esquemas lógicos ternários em voga a partir da segunda metade do século XII, com o ideal de justiça e as mudanças na prática judicial, com as novas concepções de pecado e penitência, com os progressos da aritmética e dos sistemas de medição. Ademais, Le Goff demonstra como a intervenção dos vivos nos destinos das almas do Purgatório, através dos sufrágios, estabelece uma rede de solidariedade entre mortos e vivos. A riqueza das linhas que tecem a rede social é desvendada a partir de um aspecto do imaginário cristão. Demonstrar como isto é possível é uma das grandes lições desta obra que se tornou um marco. (Marcelo Berriel)
Ref.: 909.07 LEG
Le Goff, Jacques Para um Novo Conceito de Idade Média: Tempo, Trabalho e Cultura no Ocidente [Pour un autre Moyen Âge: Temps, travail et culture en Occident: 18 essais]. Trad. Maria Helena da Costa Dias. Lisboa: Editorial Estampa, 1980.
Para um Novo Conceito de Idade Média: Tempo, Trabalho e Cultura no Ocidente é um verdadeiro marco da Nova História. Tomando como ponto de partida essas três grandes categorias de análise, o historiador coloca a Idade Média como referência para o estudo da antropologia histórica do Ocidente. A análise das diversas temporalidades que coexistem no medievo – o tempo da Igreja, o tempo do mercador, com seus ritmos próprios, sua duração específica, o tempo do cotidiano e os problemas do historiador diante deste cotidiano, fazem deste livro uma verdadeira obra prima.
Os ofícios lícitos e os ilícitos segundo os valores ditados nos Manuais de Confessores, as universidades e suas relações com os poderes públicos e a natureza de seu funcionamento, trazem para o medievalismo novas abordagens das questões relacionadas ao trabalho. As mentalidades estão aqui afinadas com as questões econômicas, os valores cristãos frente a frente com os interesses novos da cidade, as adaptações da Igreja aos tempos do mercador, tudo posto num magistral modelo explicativo.
Le Goff lança problemas corajosamente ao explicar as adaptações, transformações e interconeções entre o que chamou de cultura folclórica e cultura eclesiástica nos tempos merovíngios. Novos objetos – e aí estão a Indica como universo onífrico e os sonhos na cultura e na psicologia coletiva do Ocidente medieval. Quantas teses, quantas pesquisas surgiram desse livro? Quantos especialistas a ele devem pagar seu tributo? Toda grande obra ancora-se no tempo, despertando polêmicas, novos problemas e soluções. Esta é sem dúvida uma delas. (VLF)
Ref.: 909.07 LEG
Le Goff, Jacques (sob a responsabilidade de) Patrimoine et passions identitaires : Entretiens du Patrimoine. Paris : Fayard, 1998. (Actes des Entretiens du Patrimoine)
Ref.: 363.6 PAT
Le Goff, Jacques Por Amor às Cidades: Conversações com Jean Lebrun [Pour l´amour des villes]. Trad. Reginaldo Corrêa de Moraes. São Paulo: Ed. UNESP, 1998.
Ainda que em formato mais compacto, se comparada com a edição francesa, a edição brasileira é cuidadosa e destaca-se por manter uma alta qualidade na apresentação, diagramação e nas reproduções do belíssimo acervo iconográfico. Por amor às cidades é um exercício reflexivo de Le Goff, que estabelece um paralelo entre a cidade medieval e a cidade contemporânea, encontrando semelhanças e contrastes na longa duração. Para este levantamento tipológico sobre as funções da cidade como espaço econômico, social e político, são estabelecidos quatro eixos fundamentais: A cidade inovadora estuda o espaço urbano como um local de criatividade e de diálogo. Como agrupamento de profissionais e de especialistas, 5
ela possui funções essenciais como a troca, a informação, a vida cultural, a produção e o poder, que vão gerar seu posterior desenvolvimento.
Em A cidade em segurança, discute-se uma das principais preocupações e obsessões da contemporaneidade, conseqüência natural do crescimento, desenvolvimento e enriquecimento da urbe: a utopia da segurança urbana, que encontra suas origens nas cidades medievais. A cidade como lugar de prosperidade precisava de proteção, segurança e ordem, com suas muralhas, seu policiamento e os gestos de assistência, que faziam frente às ameaças de marginais, criminosos, revoltas, desemprego e injustiça.
Em O poder na cidade, aborda-se um tema de ideologia política como é o ideal do bom governo, que se sustentava na paz, na justiça e na religião. A injustiça levaria à insatisfação e à revolta na cidade medieval. O príncipe, as grandes famílias burguesas e os poderes locais são partes desse equilíbrio de poder.
Em O evangelho da cidade, se debate como a Idade Média opõe a cidade ao campo, visto negativamente como lugar de rusticidade, sede do bárbaro, do rude. A cidade, pelo contrário, representaria educação, cultura, bons costumes e elegância. O orgulho urbano encontra seu sustento inovador e criativo na sua função cultural: escola, universidade, arte, religião e urbanismo.
Finalmente Le Goff reflete como a cidade contemporânea, diferentemente da medieval, já não distingue o espaço urbano do espaço rural. O centro e sua função na urbe medieval deixa de existir nas cidades contemporâneas que agora são policêntricas. O medievalista acredita que atualmente as cidades se encontram prestes a conceber um novo processo de inovação e renovação como o acontecido com a cidade medieval.
É fundamental destacar que nesta obra, sem o rigor das publicações acadêmicas e direcionada a um público leigo, Le Goff não se limita apenas a seu objeto de pesquisa, discutindo também os problemas da cidade contemporânea, o que demonstra sua erudição ao fornecer paralelismo sem cair no anacronismo. (Yobenj Aucardo Chica)
Ref.: 720.9 LEG
Le Goff, Jacques São Francisco de Assis [Saint François d´Assise]. 4a ed. Trad. Marcos de Castro. Rio de Janeiro: Record, 2001. Ed. portuguesa: São Francisco de Assis. Trad. Telma Costa. Lisboa: Teorema, 2000.
São Francisco seria o santo mais moderno da Igreja? Ecologista na sua fascinação pela natureza, anticonsumista na radical opção pela simplicidade, defensor da liberdade de espírito, da alegria, da vida comunitária, foi um feminista de primeira hora na relação com Santa Clara e a ordem das clarissas. Francisco di Pietro di Bernardone, filho de comerciantes italianos da cidade de Assis, mudou não só o conceito de santidade e devoção, mas a atitude da Igreja e dos leigos diante do sagrado na virada do século XII para o século XIII.
A fraternidade franciscana, a consagração à pobreza e uma liderança dinâmica alterando a solidão e a inserção social a partir da pregação nas cidades da Úmbria o fixaram como uma das mais cultuadas figuras religiosas do Ocidente. Ao resgatar a história do "Pobre de Assis", através de quatro ensaios, Jacques Le Goff nos mostra que se São Francisco foi moderno é porque seu tempo foi produto de um lugar e de um momento, a Itália comunal em seu apogeu. Nesse contexto, três fenômenos são decisivos para a orientação de Francisco: a luta de classes, a ascensão dos leigos e o progresso da economia monetária".
"Sempre fui fascinado por São Francisco, um dos mais impressionantes personagens do seu tempo e da História Medieval (...) Francisco foi, muito cedo, aquele que, mais que qualquer outro, me inspirou o desejo de fazer dele um objeto da história total, exemplar para o passado e para o presente", escreve Le Goff ao justificar esta investigação sobre um dos mais comoventes exemplos de humildade e solidariedade, criador de um sentimento pela natureza que se exprimiu na religião, na literatura e na arte medieval.
Le Goff não ignora os aspectos controvertidos de São Francisco, que rejeitou o saber e os livros no momento de nascimento das universidades, e condenava o dinheiro em plena transição da economia feudal. O magistral resgate do historiador nos leva a perceber como o autor do Cântico do Sol, que pregava aos pássaros, condenava não o conhecimento ou o enriquecimento, mas as estruturas de poder. As lições do franciscanismo nasceram modernas na Idade Média e reafirmam sua atualidade inequívoca no séc. XXI.
Ref.: 235.2 LEG
Le Goff, Jacques São Luís: Biografia [Saint Louis]. 3a ed. Trad. de Marcos de Castro. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Em São Luís, além da reconstituição da vida do rei francês, existe uma problematização acerca do polêmico século XIII em toda Europa. Discute-se, dentro dos pressupostos da história "total", o ambiente social no qual ele viveu e atuou. O livro, organizado em três partes, visa responder duas questões: "é possível escrever uma biografia de São Luís? São Luís existiu?" A primeira parte estrutura-se em torno problemas surgidos na vida do rei, dando ênfase aos anos de sua juventude. Na segunda, busca-se o "verdadeiro São Luís" entre as diversas representações criadas do rei santo, pois todas obedeciam a modelos preexistentes permeados pelas ideologias dos hagiógrafos. Nessa etapa, o único relato de origem não eclesiástica, o produzido pelo amigo Joinville, torna-se relevante na crítica da produção de sua memória. Na última, fica evidenciado o motivo pelo qual São Luís foi um rei único em seu tempo: ele seguiu o modelo de rei Cristo, humilde e penitente. Por isso, recebeu a auréola de santidade. Le Goff não só nos levou a conhecer o indivíduo Luís IX, mas o tornou familiar. O leitor pôde "ouvi-lo rir, caçoar, implicar com os amigos". Isso foi possível graças à proposta de fazer uma biografia, "uma das maneiras mais difíceis de fazer história", capaz de responder aos principais problemas do fazer histórico. O seu método biográfico, extremamente inovador, propõe o conceito de "sujeito global", inserindo São Luís numa história total. (Clinio Amaral) 6
Ref.: 944.021 LEG
Le Goff, Jacques Un Autre Moyen Âge. Paris: Ed. Gallimard (coll. Quarto), 1999.
"Uma outra Idade Média é uma Idade Média total, que se elabora também a partir de fontes literárias, arqueológicas, artísticas, jurídicas com seus documentos recentemente concedidos aos medievalistas "puros". É o período que nos permite melhor entender nossas raízes e nossas rupturas, no interior de nossa modernidade feroz, de nossa necessidade de compreender as mudanças, as transformações que são os fundamentos da história, tanto como ciência, como experiência vivida. É esse passado primordial, onde nossa identidade coletiva, busca angustiante das sociedades atuais, adquirir certas características essenciais" (Jacques Le Goff)
Este volume contém :
Pour un autre Moyen Âge: temps, travail et culture en Occident
L´Occident médiéval et le temps
L´imaginaire médiéval
La naissance du Purgatoire
Les limbes
La bourse et la vie
Le rire dans la société médiévale.
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques Un long Moyen Âge. Paris: Tallandier Ed., 2004.
Escritos paralelamente às obras que ele publicou ao longo do período de 1980-2004, os textos inicialmente apareceram na revista L´Histoire e são a origem deste livro, revelando diferentes etapas do caminho da reflexão de Jacques Le Goff. Eles são, aqui, o prolongamento, as clarificações, e explicam a origem. Eles exprimem os resultados das principais pesquisas e reflexões realizadas pelo historiador que renovou nosso olhar sobre a vida dos homens dessa longa Idade Média, sobre suas crenças, seus hábitos, suas representações daqueles tempos distantes, e mesmo seus sonhos...
À luz deste documento excepcional, a história se revela uma disciplina em mudanças, onde o historiador deve sem cessar voltar às suas fontes e sempre confrontar a claridade do passado com as sombras que se movem do presente.
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques Un Moyen Âge en images. Paris : F. Hazan, 2000.
Ref.: 940.1 LEG
Le Goff, Jacques e Nicolas Truong Une histoire du corps au Moyen Âge. Paris : L. Levi, 2003 (Histoire).
Ref.: 306.4 LEG
Le Goff, Jacques Vingt siècles en cathédrales (sob a responsabilidade de Jacques Le Goff; diretor Catherine Arminjon e Denis Lavalle). Exposition, Reims, Palais du Tau, jun – nov 2001. Paris: Ed. Du Patrimoine, 2001.
A catedral – "obra de arte total", dizia Victor Hugo. Obra de arte em perpétua renovação, se poderia juntar, edifício de um destino nacional. Mais do que um outro países, a catedral na França impõe sua linha imóvel. Curiosamente, a imagem que se fixou é antes de tudo gótica. Pode-se compreender, pois a maior parte das grandes catedrais apresentam ainda suas silhuetas surgidas dessa idade de ouro da era medieval. Mas atrás da imagem fetiche de enlaces e de torres, se esquece que a catedral foi antes romana, que ela foi também clássica, até mesmo eclética, e que os arquitetos contemporâneos não se cansam de olhá-la. (...) A despeito de dramas e de destruições, a catedral permanece um imenso museu vivo no coração das cidades. Malgrado sua onipresença, o catedral fica como lugar de estudos inéditos e de descobertas a serem feitas. Pela primeira vez, trinta historiadores se reuniram sob a direção de Jacques Le Goff, para traçar desde a alvorada da Idade Média até ao terceiro milênio esta história fascinante, mito verdadeiro que não cessa de excitar o imaginário de cada um. É preciso acreditar em Jacques Le Goff quando ele afirma que a catedral "é o monumento por excelência de longa duração, de continuidades e de renascimentos. Lugar de memória coletiva, mas sobretudo lugar de vida".
Ref.: 709 VIN
Prefaciados por Jacques Le Goff :
Bloch, Marc Apologie pour l’histoire ou Le Métier d’historien. Paris : Armand Colin ; 1997 (Références)
Ref.: 901 BLO
Bloc, Marc Os Reis Taumaturgo: o caráter sobrenatural do poder régio [Les Rois thaumaturges]. Trad. Julia Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras.
Ref.: 909.1 BLO
Duby, Georges An 1000, an 2000, sur les traces de nos peurs. Textuel ; 1999.
Ref.: 940.1 DUB
Sobre Jacques Le Goff :
L’Ogre historien : autour de Jacques Le Goff. Sob a responsabilidade de Jacques Revelt e Jean Claude Schmitt. Paris: Gallimard, 1999.
Ref.: 901 OGR 7
Revistas
Annales. Histoire, Sciences sociales
Revista de onde se originou a famosa "Escola histórica dos Anais".
Jacques Le Goff faz parte da diretoria desde 1969. Ele escreveu nessa revista numerosos artigos.
L’Histoire
Nº 283, Janvier 2004. Spécial: les grandes heures du Moyen Âge.
Nº 267, Juillet-Aout 2002. Spécial: Les hommes et la guerre depuis 5000 ans.
Nº 245, Juillet-Aout 2000: Les Femmes.
Nº 201, Juillet-Aout 1996. Spécial: L’Explosion des nationalismes.
Nº 191, Septembre 1995. Chrétiens et musulmans – la Guerre Sainte.
Magazine Littéraire
Nº 365, Mai 1998. Eloge de la révolte.
Vídeo
Le Goff, Jacques, Pour un autre Moyen Age. Entrevista com Jacques Le Goff. AREHESS – 1 vídeo (90’): VHS-SECAM + 1 livrete, 1993 (Savoir et Mémoire).
Dialogando com Robert Philippe, Pierre Nora, Emmanuel le Roy Ladurie et Jean-Claude Schmitt, Jacques Le Goff percorre o itinerário, que os mercadores e os intelectuais da Idade Média, passando por uma síntese da civilização do Ocidente Medieval, o purgatório, a cidade, o imaginário e a realeza, o fez explorar a Idade Média, num plano de renovação da história e dos métodos, esforçando-se em definir uma antropologia histórica.
Ref.: VI 940.1 LEG
Uma bibliografia realizada por
www.maisondefrance.org.br/mediateca
quinta-feira, 16 de abril de 2009
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