quarta-feira, 17 de junho de 2009

Críticas de Ciro Flamarion Cardoso ao paradigma pós-moderno

Quanto ao “paradigma pós-moderno”, após apresentar as suas principais características, Ciro Flamarion Cardoso faz o inventário das principais críticas que, a seu ver, devem ser dirigidas a essa tendência:
1) O anti-racionalismo típico dessa corrente se acompanha, por vezes, de certo desleixo teórico e metodológico e, o que é especialmente grave no caso de historiadores, até mesmo no que diz respeito à crítica das fontes.
2) Os pós-modernos costumam ser mais apodícticos e retóricos do que argumentativos, lançando mão de afirmações apresentadas como se fossem axiomáticas e auto-evidentes, não sendo então demonstradas – como se bastasse dizer “eu acho”, “eu quero”, “minha posição é...”, não se preocupando, também, com a refutação detalhada e rigorosa das posições contrárias.
3) Há paradoxos e aporias insolúveis em muitas das posições pós-modernas. Exemplos: a) na defesa da “desconstrução”, sendo os pontos de partida a negação de um sujeito agente e de qualquer relação referencial entre discurso e realidade, por que o discurso da desconstrução seria mais aceitável, teria maior autoridade do que qualquer outro dos discursos e escritas, no jogo dos significantes que se multiplicam até o infinito? b) e como conciliar a negação do sujeito e do homem com um método hermenêutico relativista que, na prática, descamba para o subjetivismo?
4) Poder-se-ia invocar também, contra muitos membros da corrente atual, o fato de caírem no velho “façam o que eu digo, não o que eu faço”. A denúncia da ciência e do racionalismo como terrorismos a serviço do poder está longe de significar que os pós-modernos, uma vez encastelados em posição de poder, sejam mais tolerantes na prática, devido ao relativismo que em tese pregam, do que aqueles que criticam e combatem.

Fonte: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario4/trabalhos/sessab01.rtf

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